A negativa de cobertura para cirurgias pelos planos de saúde é uma prática recorrente que pode comprometer seriamente a saúde e o bem-estar dos beneficiários. Essa situação, muitas vezes abusiva, tem levado muitos pacientes a buscar a justiça para garantir o acesso aos procedimentos necessários.

Dr. Oliveira, advogado especializado em direito da saúde, pontua: “A negativa de cobertura para cirurgias, especialmente aquelas de caráter emergencial ou essencial, muitas vezes fere os princípios da dignidade da pessoa humana e da continuidade assistencial”.

O Que Diz a Legislação?

A Lei nº 9.656/98, que regula os planos de saúde no Brasil, estabelece que as operadoras têm a obrigatoriedade de cobrir procedimentos previstos no contrato e relacionados às doenças incluídas na Classificação Internacional de Doenças (CID). Isso inclui:

  1. Cirurgias de Urgência e Emergência:

    • Devem ser cobertas independentemente de prazos de carência.

  2. Cirurgias Reconstrutivas:

    • Necessárias para recuperar funções ou corrigir sequelas de doenças e acidentes.

  3. Procedimentos Previstos no Rol da ANS:

    • A Agência Nacional de Saúde Suplementar define uma lista de procedimentos de cobertura obrigatória.

Motivos Mais Comuns para a Negativa de Cirurgias

  1. Procedimento Fora do Rol da ANS:

    • As operadoras alegam que a cirurgia não está incluída na lista obrigatória.

  2. Falta de Carência Cumprida:

    • Recusam cobertura alegando que o beneficiário ainda está no período de carência.

  3. Classificação como Estética:

    • Negam a cirurgia sob o argumento de que tem finalidade exclusivamente estética.

  4. Ausência de Indicação Médica:

    • Contestam a necessidade do procedimento com base em pareceres próprios.

Como Proceder em Caso de Negativa?

  1. Solicite a Negativa por Escrito:

    • A operadora tem a obrigatoriedade de formalizar os motivos da recusa.

  2. Consulte um Advogado Especializado:

    • Um profissional pode avaliar a legalidade da negativa e orientar sobre os passos seguintes.

  3. Registre Reclamação na ANS:

    • Utilize os canais oficiais da Agência Nacional de Saúde Suplementar para denunciar o caso.

  4. Ajuize uma Ação Judicial:

    • Caso a negativa seja abusiva, é possível entrar com um pedido de liminar para garantir a realização imediata da cirurgia.

Documentos Necessários para Contestar a Negativa

  1. Relatório Médico:

    • Documento detalhado indicando a necessidade da cirurgia.

  2. Negativa Formal da Operadora:

    • Comunicação escrita que justifique a recusa.

  3. Contrato do Plano de Saúde:

    • Para verificar as coberturas previstas.

  4. Exames e Laudos:

    • Evidências que comprovem a condição de saúde do paciente.

Jurisprudência Favorável aos Beneficiários

Os tribunais brasileiros têm reiterado o direito dos pacientes à realização de cirurgias necessárias. Casos emblemáticos incluem:

  1. Cobertura de Cirurgia de Emergência:

    • Em São Paulo, uma operadora foi condenada a custear uma cirurgia cardiovascular de urgência, com a justiça destacando que a negativa colocava a vida do paciente em risco.

  2. Reconstrução Mamária Após Câncer:

    • No Rio de Janeiro, um plano foi obrigado a autorizar a cirurgia de reconstrução mamária, reforçando que a negativa era abusiva e contrária à legislação.

Dicas para Garantir Seus Direitos

  1. Informe-se Sobre Seus Direitos:

    • Leia o contrato do plano de saúde e consulte a legislação vigente.

  2. Documente Tudo:

    • Mantenha todos os registros de comunicação com a operadora e os laudos médicos.

  3. Aja Rapidamente:

    • Em situações de urgência, busque apoio jurídico imediatamente.

  4. Busque Orientação Profissional:

    • Contar com um advogado especializado aumenta as chances de êxito.

A recusa de cobertura para cirurgias pode comprometer seriamente a saúde do paciente, mas os beneficiários dispõem de recursos legais para garantir seus direitos. A legislação brasileira e a jurisprudência reforçam a obrigatoriedade dos planos de saúde em oferecer cobertura para procedimentos necessários.

Dr. Oliveira conclui: “A negativa de uma cirurgia essencial é um desrespeito ao direito à saúde e à dignidade humana. Beneficiários devem lutar por seus direitos, pois a justiça tem se mostrado favorável aos pacientes”.

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